A CONSTRUÇÃO DA COMPETÊNCIA MORAL DOS IDOSOS E SUA AMBIGUIDADE PELO ENVELHECIMENTO ATIVO
DOI:
https://doi.org/10.1000/riec.v1i1.13Resumo
Durante séculos, a velhice foi vista como uma fase negativa da vida pelo fato do avanço da idade criar uma imagem, em nossa sociedade, dos idosos como seres que estão próximos da morte, Porém, nos últimos tempos, com o aprimoramento das técnicas terapêuticas e tratamento médico, esta imagem negativa, não só vem se modificando, mas até conferindo uma imagem de superioridade moral, no sentido não só do cuidado dos idosos, mas do investimento de todo esse cuidado, que leva, necessariamente, os mais jovens a obterem mais sucesso que os próprios velhos, que só é possível, inclusive, com o envelhecimento ativo e que, na prática, só ocorre, no Brasil, a partir do momento em que os idosos, como parte dos batalhadores brasileiros, pensam nesse cuidado com os mais jovens como um tipo de ascensão por procuração, feita por mérito individual e que é concretizada por uma conduta metódica de vida, reivindicada pelos idosos como uma forma de ação consciente no mundo e pela construção de uma competência moral específica, construída por todas as suas vidas, mas que, socialmente, não só carece de reconhecimento social, mas também gera muitos conflitos, em espaços sociais públicos, com pessoas mais jovens.Referências
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