AUTORITARISMO E DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL EM TEMPOS DE COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.1000/riec.v3i3.169Resumo
Trata-se de um estudo analítico que pretende como objetivo discutir os impactos da abissal desigualdade social pré-existente no Brasil e seu agravamento durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), no que tange a ínfima preocupação do governo federal em apresentar estratégias de enfrentamento à Covid-19 no Brasil. O método utilizado foi o levantamento bibliográfico da literatura que têm sido publicadas nos últimos meses e de dados apresentados pelo OpenDataSUS, em análise descritiva realizada pelo NOIS, que corroboram com a argumentação desenvolvida. Estes dados ratificam as desigualdades e os assolamentos a que estão suscetíveis populações marginalizadas e desassistidas de políticas públicas. Os achados mostram a ineficiência de uma atenção à saúde e assistência social de enfrentamento à contenção de transmissão do novo coronavírus, e, com isso, os índices de letalidade em determinados estratos populacionais. Há maior letalidade da Covid-19 em populações negras, pobres e com baixa escolaridade. Torna-se claro o recrudescimento de uma desassistência com populações pobres, negras, periféricas e marginalizadas. E que tais dados são fruto da ausência de políticas públicas centralizadas e unificadas de enfrentamento junto as posturas autoritárias de menosprezo do conhecimento tecnocientífico provenientes do governo federal brasileiro. Somado as posturas autoritárias tomadas pelo presidente da república que tem prestado um desserviço nesse processo de enfrentamento à pandemia. Esperamos que essa discussão assuma um lugar de denúncia juntamente com outros estudos, para que possam balizar na história da Saúde Pública do Brasil o descaso legitimado pelas autoridades competentes e sejam lembrados os nomes daqueles que tiveram suas vidas ceifadas. Â
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