AUTORITARISMO E DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL EM TEMPOS DE COVID-19

Autores

  • Rochelly Rodrigues Holanda Universidade Federal do Ceará
  • Vilkiane Natercia Malherme Barbosa Universidade Federal do Ceará
  • Tadeu Lucas de Lavor Filho Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.1000/riec.v3i3.169

Resumo

Trata-se de um estudo analítico que pretende como objetivo discutir os impactos da abissal desigualdade social pré-existente no Brasil e seu agravamento durante a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), no que tange a ínfima preocupação do governo federal em apresentar estratégias de enfrentamento à Covid-19 no Brasil. O método utilizado foi o levantamento bibliográfico da literatura que têm sido publicadas nos últimos meses e de dados apresentados pelo OpenDataSUS, em análise descritiva realizada pelo NOIS, que corroboram com a argumentação desenvolvida. Estes dados ratificam as desigualdades e os assolamentos a que estão suscetíveis populações marginalizadas e desassistidas de políticas públicas.  Os achados mostram a ineficiência de uma atenção à saúde e assistência social de enfrentamento à contenção de transmissão do novo coronavírus, e, com isso, os índices de letalidade em determinados estratos populacionais. Há maior letalidade da Covid-19 em populações negras, pobres e com baixa escolaridade. Torna-se claro o recrudescimento de uma desassistência com populações pobres, negras, periféricas e marginalizadas. E que tais dados são fruto da ausência de políticas públicas centralizadas e unificadas de enfrentamento junto as posturas autoritárias de menosprezo do conhecimento tecnocientífico provenientes do governo federal brasileiro. Somado as posturas autoritárias tomadas pelo presidente da república que tem prestado um desserviço nesse processo de enfrentamento à pandemia. Esperamos que essa discussão assuma um lugar de denúncia juntamente com outros estudos, para que possam balizar na história da Saúde Pública do Brasil o descaso legitimado pelas autoridades competentes e sejam lembrados os nomes daqueles que tiveram suas vidas ceifadas.  

Biografia do Autor

Rochelly Rodrigues Holanda, Universidade Federal do Ceará

Doutoranda (Bolsista FUNCAP- CE) e Mestre em Psicologia (Bolsista FUNCAP- CE) pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Psicóloga, graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará- Campus Sobral (Bolsa PIBIC/CNPq - 2016-2017). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa & Nexos: Teoria Crítica e Pesquisa Interdisciplinar - Nordeste. Colaboradora do Laboratório de Psicologia, Subjetividade e Sociedade (LAPSUS). Pesquisadora colaboradora da Rede de Estudos e Afrontamentos das Pobrezas, Discriminações e Resistências (reaPODERE).

Vilkiane Natercia Malherme Barbosa, Universidade Federal do Ceará

Psicóloga, graduada pela Universidade Federal do Piauí, mestre e doutoranda pela Universidade Federal do Ceará (UFC) (Bolsista CAPES). Atua como pesquisadora júnior da Fundação Oswaldo Cruz- Brasília. Especialista em caráter de Residência em Atenção Básica/ Saúde da Família. É pesquisadora do Núcleo de Psicologia Comunitária (NUCOM) - UFC. E pesquisadora colaboradora da Rede de Estudos e Afrontamentos das Pobrezas, Discriminações e Resistências (Reapodere) - Unilab.

Tadeu Lucas de Lavor Filho, Universidade Federal do Ceará

Doutorando e Mestre em Psicologia. Universidade Federal do Ceará - UFC (Bolsista FUNCAP-CE), Fortaleza- CE, Brasil. Especialista em Docência do Ensino Superior e Tutoria de Educação à Distância (IPEMIG). Colaborador do Laboratório em Psicologia, Subjetividade e Sociedade (LAPSUS). Extensionista no Projeto É da Nossa Escola que falamos (UFC). Bolsista FUNCAP.

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Publicado

2020-12-21

Edição

Seção

Dossiês